Março=> Poesia

Na vigésima terceira manhã de Março a lírica vibrátil de Hölderlin:

De Manhã

A relva brilha do orvalho; mais rápida
Já corre a fonte desperta; a bétula inclina
A fronte vacilante, e há na folhagem
Sussuro e brilho, e pelas pardas

Nuvens roçam além chamas avermelhadas,
Anunciadoras, erguem-se borbulhantes, silenciosas,
Como maré na praia ondulam
Sempre mais altas, inconstantes.

Vem pois, oh! vem e não te apresses muito,
Dia dourado, para o alto céu!
Que o meu olhar, ó jubiloso!segue-te
Mais franco e confiado enquanto tu

Olhas juvenil em tua beleza, e não és inda
Por demais magnífico e orgulhoso;
Bem podias correr, pudesse eu,
Divino Vagabundo, ir contigo! Mas tu sorris

Da minha arrogância alegre, que desejaria
Igualar-te; abençoa-me então
Minhas mortais accões e aclara e alegra,
Benigno Sol, hoje o meu calmo caminho!

Hölderlin, Poemas, (Coimbra, Atlântida, 1949), pp.93-95.

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