Março => Poesia

Na nona manhã de Março a intensidade da voz de Gustavo Bécquer, nascido em Sevilha corria o ano de 1836:

II

Seta que voando passa
arremessada ao azar
e que nunca se sabe onde
a tremer se cravará;

Folha que de um tronco seco
arrebata o vendaval,
sem que alguém acerte o sulco
onde ao pó regressará;

Onda gigante que o vento
frisa e impele no mar,
e rola e passa e e ignora
a praia que buscará;

Luz que em círculos trementes
brilha prestes a expirar
e que não se sabe deles
qual ó último será;

Isso sou eu, que ao acaso
cruzo o mundo sem pensar
de onde venho nem aonde
meus passos me hão-de levar.


Gustave Adolfo Bécquer, Rimas de Gustave Adolfo Bécquer, (Porto, O Oiro do Dia, Colecção O Aprendiz de Feiticeiro, s/d), p. 7

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