Oníricas (13) - Diários de sonhos

Durante o sono REM o cérebro e a mente envolvem-se num processo de efabulação semelhante ao processo de criação artística. O encantador e o macabro misturam-se, fabricam-se perspectivas inusitadas das nossas experiências, agimos como um Fellini ou um Dali. Quem mantém um diário de sonhos apercebe-se da função sibarítica e do progressivo encanto da actividade onírica. A tradição do diário de sonhos encontra-se no trabalho do marquês Hervey de Saint-Denis, e dos seus discípulos que procederam a experiências sobre a lucidez dos sonhos. Seguindo as suas técnicas poderemos incrementar a capacidade de os recordar e até de modificar os seus enredos. Os sonhos têm uma dimensão determinística/pulsional, mas também são plásticos.
Segundo o neurologista e psiquiatra J.Allan Hobson, os aspectos activos da fisiologia do cérebro permitem postular que certas fases do processo de aprendizagem - caso da consolidação de traços mnésicos bem assim como comparações entre informações já adquiridas e novas informações - podem ocorrer durante o sono. Ainda segundo o mesmo autor é possível sugerir que o cérebro tem uma actividade criativa durante o sono, novas ideias e novas respostas para velhos problemas podem surgir durante o sono. Em seu entender, o sonho também tem uma dimensão lúdica que deveriamos saber fruir. (*) Em suma, a actividade onírica, o mundo onírico na sua relação com o sono REM proporciona-nos uma via de acesso, fundamental, ao nosso psiquismo ...

(*)J.Allan Hobson, O Cérebro Sonhador, (Lisboa, Instituto Piaget, 1996), pp.403-407.

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