"O que quer uma Mulher?" Perguntava Freud (4)
A reflexão de Joan Rivière, “Womaliness as a Masquerade”
O artigo crucial de Joan Rivière tem sido alvo de interpretações díspares desde Lacan a Beatriz Preciado.
A partir das reflexões de Ernest Jones sobre a sexualidade feminina, Joan Rivière, definiu a feminilidade como mascarada. E. Jones estabelecera um esquema de desenvolvimento da sexualidade feminina subdividido em dois grandes grupos - homossexual e heterossexual – aos quais Jones juntou várias formas intermédias. Entre estas formas intermédias contava-se uma, que interessava especialmente a Joan Rivière: a daquelas mulheres que, apesar da sua orientação heterossexual, apresentavam traços marcados de masculinidade (as que denominava "mulheres intermédias"). "Um tipo de mulher hetero-masculina, que contrariava a causalidade aparentemente natural que relaciona sexo, género e orientação sexual."
Para a psicanálise daquela época, a diferença entre desenvolver uma orientação homossexual ou heterossexual estava determinada por um grau variável de angústia. Tomando como referência a ideia de S. Ferenczi de que certos homens homossexuais lutam contra a sua orientação exagerando a sua heterossexualidade, Rivière defende que estas mulheres intermédias utilizariam a máscara da feminilidade para "aliviar a angústia e evitar a vingança dos homens". Neste sentido, refere-se a um tipo específico de mulher heterossexual que tentava abrir caminho nos meios académicos e profissionais (espaço público e político reservado aos homens) ao invés de desempenharem os papéis tradicionais da mulher (boa dona de casa, esposa atenta, marcado instinto maternal,...). Apresentou, como exemplo, o caso de uma paciente que deve utilizar a palavra e a escrita (algo impróprio para as mulheres da época) no desenvolvimento do seu labor profissional. A angústia desta paciente manifestava-se aquando das intervenções em público e que a levava a sentir o desejo de flirtar com todos os homens que encontrava (especialmente com aqueles que lhe recordavam o pai).
Segundo Riviere esta paciente pertenceria ao grupo de mulheres homossexuais, ainda que nunca se tivesse interessado por outras mulheres. Era uma mulher cuja orientação sexual seria a homossexualidade. Tendo em conta que até meados do século XX a homossexualidade era entendida como inversão de género e não como relação entre indivíduos do mesmo sexo". Esta inversão provocaria profunda angústia na paciente (pois provocava a censura do resto dos homens) que só lograria atenuar se recorresse à feminilidade como uma máscara, como um disfarce que camuflava os seus traços marcados de masculinidade e evitava as represálias dos homens por haver entrado no seu território (o domínio público, o espaço político da palavra).
Rivière denuncia que a feminilidade é um disfarce O que ela sublinha é a falta de uma identidade, de uma essência feminina, e para fazê-lo Rivière utiliza o termo mascarada.
“[...] in fact that ‘femininity’ is a role, an image, a value, imposed upon women by male systems of representation. In this masquerade of femininity, the woman loses herself, and loses herself by playing on her femininity”
Rivière utiliza o termo mascarada para indicar que a mulher não existe como categoria ontológica.
Para um homem a mulher desejável é uma mulher que não é. A este pressuposto se reduziria, afinal, o ideal da feminilidade.
O artigo crucial de Joan Rivière tem sido alvo de interpretações díspares desde Lacan a Beatriz Preciado.
A partir das reflexões de Ernest Jones sobre a sexualidade feminina, Joan Rivière, definiu a feminilidade como mascarada. E. Jones estabelecera um esquema de desenvolvimento da sexualidade feminina subdividido em dois grandes grupos - homossexual e heterossexual – aos quais Jones juntou várias formas intermédias. Entre estas formas intermédias contava-se uma, que interessava especialmente a Joan Rivière: a daquelas mulheres que, apesar da sua orientação heterossexual, apresentavam traços marcados de masculinidade (as que denominava "mulheres intermédias"). "Um tipo de mulher hetero-masculina, que contrariava a causalidade aparentemente natural que relaciona sexo, género e orientação sexual."
Para a psicanálise daquela época, a diferença entre desenvolver uma orientação homossexual ou heterossexual estava determinada por um grau variável de angústia. Tomando como referência a ideia de S. Ferenczi de que certos homens homossexuais lutam contra a sua orientação exagerando a sua heterossexualidade, Rivière defende que estas mulheres intermédias utilizariam a máscara da feminilidade para "aliviar a angústia e evitar a vingança dos homens". Neste sentido, refere-se a um tipo específico de mulher heterossexual que tentava abrir caminho nos meios académicos e profissionais (espaço público e político reservado aos homens) ao invés de desempenharem os papéis tradicionais da mulher (boa dona de casa, esposa atenta, marcado instinto maternal,...). Apresentou, como exemplo, o caso de uma paciente que deve utilizar a palavra e a escrita (algo impróprio para as mulheres da época) no desenvolvimento do seu labor profissional. A angústia desta paciente manifestava-se aquando das intervenções em público e que a levava a sentir o desejo de flirtar com todos os homens que encontrava (especialmente com aqueles que lhe recordavam o pai).
Segundo Riviere esta paciente pertenceria ao grupo de mulheres homossexuais, ainda que nunca se tivesse interessado por outras mulheres. Era uma mulher cuja orientação sexual seria a homossexualidade. Tendo em conta que até meados do século XX a homossexualidade era entendida como inversão de género e não como relação entre indivíduos do mesmo sexo". Esta inversão provocaria profunda angústia na paciente (pois provocava a censura do resto dos homens) que só lograria atenuar se recorresse à feminilidade como uma máscara, como um disfarce que camuflava os seus traços marcados de masculinidade e evitava as represálias dos homens por haver entrado no seu território (o domínio público, o espaço político da palavra).
Rivière denuncia que a feminilidade é um disfarce O que ela sublinha é a falta de uma identidade, de uma essência feminina, e para fazê-lo Rivière utiliza o termo mascarada.
“[...] in fact that ‘femininity’ is a role, an image, a value, imposed upon women by male systems of representation. In this masquerade of femininity, the woman loses herself, and loses herself by playing on her femininity”
Rivière utiliza o termo mascarada para indicar que a mulher não existe como categoria ontológica.
Para um homem a mulher desejável é uma mulher que não é. A este pressuposto se reduziria, afinal, o ideal da feminilidade.
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