Praia II

Naquela manhã, na avenida marginal, fazia muito calor e o céu estava completamente azul,fenómeno raro em S.Miguel. Não quisemos esperar uma hora pela camioneta, nem nos apetecia andar a pé como era costume, dominados pela pressa de chegar à praia, de tingir os pés de areia preta e mergulhar de chofre nas séries de sete ondas. Decidimos ir à boleia. Um velho simpático acolheu-nos na sua carripana, tão velha quanto ele, cheia de garrafões vazios a rebolar de um lado para o outro. Foi uma das viagens mais divertidas que fiz. Contigo todos os lugares ofereciam conforto e revelavam belezas até aí escondidas.

Deixou-nos quase dentro do areal.

Deitados na areia, dizias-me que eu nunca parecia tão feliz como quando namorava com o mar. Sobretudo, quando te estou a ver e a ser vista por ti,pensei. Os nossos corpos compraziam-se no olhar. Por essa altura, o desejo insinuava-se, mas nada de ceder ao impulso, nem um beijo.
Muitas praias depois masturbamo-nos vestidos, à sorrelfa, no quarto de visitas da minha casa. Umas tantas caminhadas mais tarde, numa outra terra, em noite de Santo António completou-se o ritual.

Comentários

Mensagens populares