Confidências e Desabafos de Savarin (93)
A Psicanálise das Filhozes ou Um Divã na Frigideira
Ando a fazer uma espécie de sessões de auto-hipnose para me lembrar de todos os ingredientes de uma receita de filhozes da minha mãe. Tenho a certeza da exacta proporção de farinha e ovos - por cada quilo de farinha uma dúzia de ovos, os quais devem ser bem misturados e sovados para ficarem devidamente incorporados. Sei, também, que o açúcar era adicionado à massa das filhozes, em vez de serem polvilhadas com o dito+canela depois de fritas. Recordo-me, com nitidez, das várias fases da sua preparação: colocar a farinha num alguidar grande, abrir uma cova, juntar os outros ingredientes, os ovos um a um; amassar com muita energia, durante quase 1 hora (dependia dos quilos de farinha...) deixar levedar a massa – tapada com um pano branco e cobertor, em local fresco e escuro. Quando a massa duplicava de volume, destapar e trabalhá-la imediatamente, para não azedar: formar bolas, tender e fritar em azeite bem quente, deixar escorrer a gordura em papel absorvente, guardar em açafates de vime forrados com panos brancos, e comer. Só não consegui ver qual o citrino utilizado: laranja ou limão? (Inclino-me mais para a primeira), nem qual a quantidade percentagem de manteiga e de fermento de padeiro.
Estes fritos são uma delícia, no seu género, duram muito tempo em bom estado de conservação, textura e paladar. Embora, eu os prefira consumir acabadinhos de saltar da frigideira para o cesto. Confesso, que apesar do meu imenso amor pela cozinha micaelense e de também apreciar, são superiores, em requinte e sabor, às malassadas.
A Psicanálise das Filhozes ou Um Divã na Frigideira
Ando a fazer uma espécie de sessões de auto-hipnose para me lembrar de todos os ingredientes de uma receita de filhozes da minha mãe. Tenho a certeza da exacta proporção de farinha e ovos - por cada quilo de farinha uma dúzia de ovos, os quais devem ser bem misturados e sovados para ficarem devidamente incorporados. Sei, também, que o açúcar era adicionado à massa das filhozes, em vez de serem polvilhadas com o dito+canela depois de fritas. Recordo-me, com nitidez, das várias fases da sua preparação: colocar a farinha num alguidar grande, abrir uma cova, juntar os outros ingredientes, os ovos um a um; amassar com muita energia, durante quase 1 hora (dependia dos quilos de farinha...) deixar levedar a massa – tapada com um pano branco e cobertor, em local fresco e escuro. Quando a massa duplicava de volume, destapar e trabalhá-la imediatamente, para não azedar: formar bolas, tender e fritar em azeite bem quente, deixar escorrer a gordura em papel absorvente, guardar em açafates de vime forrados com panos brancos, e comer. Só não consegui ver qual o citrino utilizado: laranja ou limão? (Inclino-me mais para a primeira), nem qual a quantidade percentagem de manteiga e de fermento de padeiro.
Estes fritos são uma delícia, no seu género, duram muito tempo em bom estado de conservação, textura e paladar. Embora, eu os prefira consumir acabadinhos de saltar da frigideira para o cesto. Confesso, que apesar do meu imenso amor pela cozinha micaelense e de também apreciar, são superiores, em requinte e sabor, às malassadas.
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