Confidências e Desabafos de Savarin (90)
Varia - Onde se fala de bolo de caramelo com duas tonalidades, de frango de fricassé e do homem das galinhas.
Ontem confeccionei, para o lanche, um bolo de caramelo o qual, modéstia à parte, ficou bastante bom, em termos de aspecto, consistência e sabor. Dupliquei a receita da cobertura, ou seja preparei duas doses de doce de caramelo, uma com uma tonalidade mais escura e outra mais clara. Cobri primeiro o bolo com o creme mais escuro e depois fiz uma espécie de raios com o mais claro.
Ao jantar deu-me um súbito apetite por frango de fricassé, uma receita em voga nos ano 60/70 do século XX. E, imediatamente o tornei realidade.
Lembrei-me do homem das galinhas...
Passo a explicar. A minha mãe todas as semanas encomendava duas galinhas caseiras/campónias a um velhote que todas as Sextas tocava à porta com um saco de serrapilheira ao ombro, onde transportava os galináceos. Escusado será dizer que o homem tresandava a galinheiro, e quando espreitavamos da janela, antes de abrir a porta da rua, logo se ouvia o aviso: - "É o homem das galinhas!"
Após um um breve estágio no terraço, as aves eram sacrificadas no altar da cozinha, ao deus da gula.
A minha mãe, nascida na Lousã, era apologista da rigorosa arte de degolar as desgraçadas, ora como as empregadas, naturais de S.Miguel, defendiam a técnica de lhes puxar o pescoço e receavam cortar os gorgomilos das ditas cujas, a minha progenitora encarregava-se, ela mesma/própria, de executar as galinhas, numa atitude que Peter Singer desaprovaria em absoluto, até porque, por vezes, me pedia que eu ajudasse a segurar as patas das vítimas, enquanto ela as privava do fluído vital.
Apesar de nos dias de hoje, ter renegado o meu papel de cúmplice no homicídio de galináceos inocentes e seguir um regime alimentar quase-vegetariano ... (digo quase- -vegetariano, porque o carnívoro que há em mim, desperta de quando em vez, como ontem, ainda me recordo como sabia bem a canja com aqueles ovos em formação que se encontravam, qual tesouro, no interior das galinhas.
Varia - Onde se fala de bolo de caramelo com duas tonalidades, de frango de fricassé e do homem das galinhas.
Ontem confeccionei, para o lanche, um bolo de caramelo o qual, modéstia à parte, ficou bastante bom, em termos de aspecto, consistência e sabor. Dupliquei a receita da cobertura, ou seja preparei duas doses de doce de caramelo, uma com uma tonalidade mais escura e outra mais clara. Cobri primeiro o bolo com o creme mais escuro e depois fiz uma espécie de raios com o mais claro.
Ao jantar deu-me um súbito apetite por frango de fricassé, uma receita em voga nos ano 60/70 do século XX. E, imediatamente o tornei realidade.
Lembrei-me do homem das galinhas...
Passo a explicar. A minha mãe todas as semanas encomendava duas galinhas caseiras/campónias a um velhote que todas as Sextas tocava à porta com um saco de serrapilheira ao ombro, onde transportava os galináceos. Escusado será dizer que o homem tresandava a galinheiro, e quando espreitavamos da janela, antes de abrir a porta da rua, logo se ouvia o aviso: - "É o homem das galinhas!"
Após um um breve estágio no terraço, as aves eram sacrificadas no altar da cozinha, ao deus da gula.
A minha mãe, nascida na Lousã, era apologista da rigorosa arte de degolar as desgraçadas, ora como as empregadas, naturais de S.Miguel, defendiam a técnica de lhes puxar o pescoço e receavam cortar os gorgomilos das ditas cujas, a minha progenitora encarregava-se, ela mesma/própria, de executar as galinhas, numa atitude que Peter Singer desaprovaria em absoluto, até porque, por vezes, me pedia que eu ajudasse a segurar as patas das vítimas, enquanto ela as privava do fluído vital.
Apesar de nos dias de hoje, ter renegado o meu papel de cúmplice no homicídio de galináceos inocentes e seguir um regime alimentar quase-vegetariano ... (digo quase- -vegetariano, porque o carnívoro que há em mim, desperta de quando em vez, como ontem, ainda me recordo como sabia bem a canja com aqueles ovos em formação que se encontravam, qual tesouro, no interior das galinhas.
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