2.3.9. Da Cor e da Luz na Pintura
A Harmonia da Cor na obra Do Espiritual na Arte
(continuação)
O vermelho, cor sem limites, essencialmente quente, cor transbordante de vida ardente e agitada. Não tem contudo, o carácter disperso do amarelo que se exterioriza e expande. Apesar de toda a sua intensidade e energia, o vermelho testemunha um imenso e irresistível poder e ardor voltado, centrado sobre ele próprio. Estas características pertencem ao vermelho "Ideal".
O vermelho é uma cor com grandes possibilidades interiores de uma grande riqueza. As tonalidades de vermelho são muitas e variadas, referem-se a seguir, algumas das variedades fundamentais. O vermelho Saturno, tonalidade que irradia força, energia, decisão, alegria e triunfo, e um tom claro, lembra uma fanfarra onde predomina o som do trompete.O vermelho de Cinábrio evoca os estados intensos da alma. Possui uma força em si mesmo, mas "mergulhado" no azul extingue-se como ferro em brasa na água. Este tom de vermelho "esfriado" pelo azul perde a sua ressonância e o seu significado próprio. Alguns pintores consideram a mistura do Cinábrio com o azul uma cor "suja". Kandinsky, por seu turno considera que todas as cores e contrastes, têm um valor e significado interior muito importante e não devem ser desprezadas.
Falar em vermelho evoca a pintura de Rubens. Em quase todas as obras do referido pintor surge-nos o vermelho em toda a sua infinita riqueza e variedade de tons, exprimindo umas vezes o poder, a glória e a alegria, outras a sensualidade e a crueldade. Os quadros A Virgem numa Guirlanda de Flores, A Caça ao Leão, A Caça ao Hipopótamo são bastante expressivos do que se disse atrás.
No Trajes populares, no Folcolore, estes tons de vermelho são muito valorizados, sendo cores complementares do verde. O Saturno e o Cinábrio harmonizam-se com a natureza. Não tendo profundidade como o amarelo, atraem mais do que esta tonalidade. O carácter material destes dois tons de vermelho, é muito activo. Estas duas cores sombreadas com o negro "morrem", pois a sua incandescência extingue-se ou reduz-se ao mínimo. Assim, surge o castanho, cor dura, estagnante, na qual o vermelho se torna um murmúrio quase imperceptível. Deste som frágil, exteriormente, desprende-se um som interior poderoso que não é traduzível por palavras.
No quadro "Landgrave" Vieira da Silva, demonstra a "beleza" e o "poder" dos julgados "taciturnos" castanhos, para alem de nos dar o sentido de perspectiva de um espaço cerrado, definindo o centro do quadro com um rectângulo, o artista oferece-nos uma bela sinfonia cromática de tons castanhos, amarelos e brancos, de perfeitas relações harmoniosas em que a sua natureza vital e expresso por um substracto do inconsciente em relação ao elemento da natureza que a inspirou. É imprescindível realçar o papel do branco representativo do silêncio, de um silêncio "germinador" pleno de "possibilidades vivas", expressas através dos amarelos.
É interessante referir uma comparação (feita por Jacques Monnier) entre Vieira da Silva e Vermeer:
"Vieira da Silva, Vermeer: dois poetas do silêncio. Cada obra do holandês ( e aqui cita-se Marcel Brion) se torna simbólica da felicidade, do instante satisfeito, como se o finito realizasse todas as possibilidades do infinito. Em Vermeer o objecto fecha-se sobre o silêncio. Em Vieira da Silva, ele abre-se ao silêncio (conclui Monnier).
O vermelho, pode tornar-se mais profundo se lhe misturarmos azul ultramarino, modificando-se as suas características intrínsecas, mas mesmo assim o vermelho, embora "esfriado", deixa aparecer algo do seu carácter corpóreo. O
vermelho frio claro, a cor de framboesa, adquire laivos de juvenil alegria e frescura. Adicionando-lhe branco, teremos o rosa, a cor das jovens meninas, dos bebes do sexo feminino, aliando-se assim a pureza, a inocência do branco,
ao vermelho da vida e da alegria.
O vermelho quente torna-se mais intenso através da adição de amarelo e assim surge o laranja. O movimento concêntrico do vermelho transforma-se em expansão. Esta cor assemelha-se a um homem cheio de força e com aparência saUdável, segundo a descrição de Kandinsky.
O laranja tem como o amarelo um movimento de aproximação. Enquanto que o violeta,surgindo da junção do vermelho com o azul, demonstra uma tendêndia pa ra se afastar, distanciar, do homem. O violeta e um vermelho, "esfriado" no sentido físico e psíquico do termo. Tem qualquer coisa de "maldito", de triste.
Os chineses consideram-na uma cor de luto, por essa mesma razão.
Estas cores, o laranja e o violeta, formam o quarto contraste no mundo das cores, depois do terceiro ou seja o do verde e do vermelho (na perspecti va de Kandinsky). As seis cores constitutivas dos três grandes contrastes, apresentam-se a Kandinsky, como um círculo imenso, como uma serpente que mor de a própria cauda (símbolo da infinito e da eternidade).
Os contrastes são: o azul e o amarelo, o verde e o vermelho, o laranja e o violeta. À direita e à esquerda estão representadas, as duas grandes fontes do silêncio, o silêncio da morte (o preto) e o do nascimento (o branco).
Kandinsky, formula um conceito muito particular de Harmonia, relacionado directamente com o princípio da necessidade Interior. Eis algumas das características que ele aponta, ao definir essa"Harmonia" em Arte, são precisamente as seguintes: grandes questões, aspirações sem objectivo visível, impulsos aparentemente incoerentes, cadeias perdidas, contradições...)
A Harmonia de que fala este autor, repousa sobretudo na lei dos contrastes, que foi em todas as épocas a lei mais importante em Arte.
O vermelho e o azul, embora nâo tenham entre si qualquer conexão física, devido, precisamente, ao seu grande contraste espiritual foi escolhido como uma das harmonias mais felizes e eficazes. Apenas subsiste aqui, o contraste interior, excluindo o recurso a todos os outros princípios de harmonia, que seriam, alias, supérfluos.
Os primitivos, italianos, alemães, e ate portugueses, tinham uma grande predilecção pela combinação do vermelho e do azul que ainda hoje se encontra nas formas populares de escultura religiosa. Em obras de escultura e de pintura, a Virgem aparece vestida de vermelho sob um manto azul. Sem dúvida, os ar tistas ao usarem estas duas cores, procuravam exprimir assim a "efusão" da graça enviada ao homem, no intuito de esconder o humano sob o divino.
Na arte flamenga ("gótica") dominam os vermelhos profundos, os azuis e os dourados, sinal do equilíbrio entre a riqueza espiritual e material da epoca. (Estas equivalências regulam-se pelo principio da necessidade interior).
A teoria de Kandinsky, faz-me pensar em Rembrandt, nos seus claros-escuros misteriosos, nos seus tons quentes. Onde os outros vêem factos Rembrandt cria ligações "secretas", liames simbólicos que identificam o real com a sua sensibilidade "sobrenatural", transportando para o plano de uma nova criação tudo quanto ele religiosamente retirou da criação "comum".
O tão referido e conhecido "Filósofo" de Rembrandt, ilustra bem o modo de ser do Filósofo, simbolicamente, entre as trevas e a luz, continuamente ã procura da "verdade" e muitas vezes submetido à "falacia", à "mera erudição enciclopedica",oca e vã. Retornando a Kandinsky, encerramos a referência longa, ao seu pensamento, definindo a posição do mesmo autor quanto ao estatuto do pintor, segundo ele, o artista deve captar e transmitir o "toque" certo e assim desencadear
no observador a reacção adequada que faça despertar na alma humana todas as vibrações harmónicas ligadas ao princípio da necessidade interior. O pintor deve entrar em contacto eficaz com a alma humana, única garantia de profundidade cósmica da arte.
A obra de Vermeer é um bom exemplo de materialização do toque certo, de profundidade cósmica. Vermeer mergulha na intimidade da matéria, cristalizando-a na sua pintura.
Em Vermeer, tudo vive e fala, vemos que o bule está quente, a cadeira acabou de servir, o tapete e os chinelos aguardam os pés, sentimos que todas as coisas estão impregnadas pelo calor da mão. Ele captou e pintou o silêncio radioso que emana das coisas "amigas", o acolhimento que elas nos dão.
A cor está no tecido das coisas, no rosto rosado e jovem, na mão pousada sobre o ouro. Os vermelhos e os negros insondáveis como pedras translúcidas.
Vermeer, capta a essência, do meio. Depois da chuva, tudo o que existe de opaco no espaço holandês adquire uma profundidade líquida e luminosa que Vermeer incorporava na sua cor como uma poeira de pérola e turqueza de vibrações "moleculares" de organismos vivos. Como foi dito, ele juntava sempre a tudo o turqueza e o pérola, no sol, nas águas, nos velhos muros. Os azuis e os vermelhos dos tectos, dos cata-ventos, os reflexos trémulos na água azul, as árvores cuja folhagem sombria e azul, fazem da única paisagem que temos dele uma harmonia miraculosa, de onde se desprende um sereno equilíbrio, um silencio calmo e profundo, completamente desprovido de indolência ou
tédio, devido aos sábios toques de vermelho (a harmonia do azul e do vermelho). A calma que se desprende desta paisagem deve toda a impressão de infinitude ã predominância do azul, nas árvores e na água. O azul, como substituto do verde, impregna toda esta pintura de espiritualidade. Reflecte-se nesta tela um desejo de pureza e eternidade.
A teoria desenvolvida por Kandinsky, acerca das conotações, podemos dizer simbólicas da cor e como se tentou demonstrar ao longo desta explanação, fundamental na poiética artística passada e actual. E uma elaboração teórica, logicamente coerente ao nível interno, "consistente"e aplicável. Poroutro lado, fundamenta a meu ver, uma simbologia geral da cor. A sua teoria, apesar de não constituir uma teoria física da cor, realiza-se psicológica e espiritualmente.
(continuação)
O vermelho, cor sem limites, essencialmente quente, cor transbordante de vida ardente e agitada. Não tem contudo, o carácter disperso do amarelo que se exterioriza e expande. Apesar de toda a sua intensidade e energia, o vermelho testemunha um imenso e irresistível poder e ardor voltado, centrado sobre ele próprio. Estas características pertencem ao vermelho "Ideal".
O vermelho é uma cor com grandes possibilidades interiores de uma grande riqueza. As tonalidades de vermelho são muitas e variadas, referem-se a seguir, algumas das variedades fundamentais. O vermelho Saturno, tonalidade que irradia força, energia, decisão, alegria e triunfo, e um tom claro, lembra uma fanfarra onde predomina o som do trompete.O vermelho de Cinábrio evoca os estados intensos da alma. Possui uma força em si mesmo, mas "mergulhado" no azul extingue-se como ferro em brasa na água. Este tom de vermelho "esfriado" pelo azul perde a sua ressonância e o seu significado próprio. Alguns pintores consideram a mistura do Cinábrio com o azul uma cor "suja". Kandinsky, por seu turno considera que todas as cores e contrastes, têm um valor e significado interior muito importante e não devem ser desprezadas.
Falar em vermelho evoca a pintura de Rubens. Em quase todas as obras do referido pintor surge-nos o vermelho em toda a sua infinita riqueza e variedade de tons, exprimindo umas vezes o poder, a glória e a alegria, outras a sensualidade e a crueldade. Os quadros A Virgem numa Guirlanda de Flores, A Caça ao Leão, A Caça ao Hipopótamo são bastante expressivos do que se disse atrás.
No Trajes populares, no Folcolore, estes tons de vermelho são muito valorizados, sendo cores complementares do verde. O Saturno e o Cinábrio harmonizam-se com a natureza. Não tendo profundidade como o amarelo, atraem mais do que esta tonalidade. O carácter material destes dois tons de vermelho, é muito activo. Estas duas cores sombreadas com o negro "morrem", pois a sua incandescência extingue-se ou reduz-se ao mínimo. Assim, surge o castanho, cor dura, estagnante, na qual o vermelho se torna um murmúrio quase imperceptível. Deste som frágil, exteriormente, desprende-se um som interior poderoso que não é traduzível por palavras.
No quadro "Landgrave" Vieira da Silva, demonstra a "beleza" e o "poder" dos julgados "taciturnos" castanhos, para alem de nos dar o sentido de perspectiva de um espaço cerrado, definindo o centro do quadro com um rectângulo, o artista oferece-nos uma bela sinfonia cromática de tons castanhos, amarelos e brancos, de perfeitas relações harmoniosas em que a sua natureza vital e expresso por um substracto do inconsciente em relação ao elemento da natureza que a inspirou. É imprescindível realçar o papel do branco representativo do silêncio, de um silêncio "germinador" pleno de "possibilidades vivas", expressas através dos amarelos.
É interessante referir uma comparação (feita por Jacques Monnier) entre Vieira da Silva e Vermeer:
"Vieira da Silva, Vermeer: dois poetas do silêncio. Cada obra do holandês ( e aqui cita-se Marcel Brion) se torna simbólica da felicidade, do instante satisfeito, como se o finito realizasse todas as possibilidades do infinito. Em Vermeer o objecto fecha-se sobre o silêncio. Em Vieira da Silva, ele abre-se ao silêncio (conclui Monnier).
O vermelho, pode tornar-se mais profundo se lhe misturarmos azul ultramarino, modificando-se as suas características intrínsecas, mas mesmo assim o vermelho, embora "esfriado", deixa aparecer algo do seu carácter corpóreo. O
vermelho frio claro, a cor de framboesa, adquire laivos de juvenil alegria e frescura. Adicionando-lhe branco, teremos o rosa, a cor das jovens meninas, dos bebes do sexo feminino, aliando-se assim a pureza, a inocência do branco,
ao vermelho da vida e da alegria.
O vermelho quente torna-se mais intenso através da adição de amarelo e assim surge o laranja. O movimento concêntrico do vermelho transforma-se em expansão. Esta cor assemelha-se a um homem cheio de força e com aparência saUdável, segundo a descrição de Kandinsky.
O laranja tem como o amarelo um movimento de aproximação. Enquanto que o violeta,surgindo da junção do vermelho com o azul, demonstra uma tendêndia pa ra se afastar, distanciar, do homem. O violeta e um vermelho, "esfriado" no sentido físico e psíquico do termo. Tem qualquer coisa de "maldito", de triste.
Os chineses consideram-na uma cor de luto, por essa mesma razão.
Estas cores, o laranja e o violeta, formam o quarto contraste no mundo das cores, depois do terceiro ou seja o do verde e do vermelho (na perspecti va de Kandinsky). As seis cores constitutivas dos três grandes contrastes, apresentam-se a Kandinsky, como um círculo imenso, como uma serpente que mor de a própria cauda (símbolo da infinito e da eternidade).
Os contrastes são: o azul e o amarelo, o verde e o vermelho, o laranja e o violeta. À direita e à esquerda estão representadas, as duas grandes fontes do silêncio, o silêncio da morte (o preto) e o do nascimento (o branco).
Kandinsky, formula um conceito muito particular de Harmonia, relacionado directamente com o princípio da necessidade Interior. Eis algumas das características que ele aponta, ao definir essa"Harmonia" em Arte, são precisamente as seguintes: grandes questões, aspirações sem objectivo visível, impulsos aparentemente incoerentes, cadeias perdidas, contradições...)
A Harmonia de que fala este autor, repousa sobretudo na lei dos contrastes, que foi em todas as épocas a lei mais importante em Arte.
O vermelho e o azul, embora nâo tenham entre si qualquer conexão física, devido, precisamente, ao seu grande contraste espiritual foi escolhido como uma das harmonias mais felizes e eficazes. Apenas subsiste aqui, o contraste interior, excluindo o recurso a todos os outros princípios de harmonia, que seriam, alias, supérfluos.
Os primitivos, italianos, alemães, e ate portugueses, tinham uma grande predilecção pela combinação do vermelho e do azul que ainda hoje se encontra nas formas populares de escultura religiosa. Em obras de escultura e de pintura, a Virgem aparece vestida de vermelho sob um manto azul. Sem dúvida, os ar tistas ao usarem estas duas cores, procuravam exprimir assim a "efusão" da graça enviada ao homem, no intuito de esconder o humano sob o divino.
Na arte flamenga ("gótica") dominam os vermelhos profundos, os azuis e os dourados, sinal do equilíbrio entre a riqueza espiritual e material da epoca. (Estas equivalências regulam-se pelo principio da necessidade interior).
A teoria de Kandinsky, faz-me pensar em Rembrandt, nos seus claros-escuros misteriosos, nos seus tons quentes. Onde os outros vêem factos Rembrandt cria ligações "secretas", liames simbólicos que identificam o real com a sua sensibilidade "sobrenatural", transportando para o plano de uma nova criação tudo quanto ele religiosamente retirou da criação "comum".
O tão referido e conhecido "Filósofo" de Rembrandt, ilustra bem o modo de ser do Filósofo, simbolicamente, entre as trevas e a luz, continuamente ã procura da "verdade" e muitas vezes submetido à "falacia", à "mera erudição enciclopedica",oca e vã. Retornando a Kandinsky, encerramos a referência longa, ao seu pensamento, definindo a posição do mesmo autor quanto ao estatuto do pintor, segundo ele, o artista deve captar e transmitir o "toque" certo e assim desencadear
no observador a reacção adequada que faça despertar na alma humana todas as vibrações harmónicas ligadas ao princípio da necessidade interior. O pintor deve entrar em contacto eficaz com a alma humana, única garantia de profundidade cósmica da arte.
A obra de Vermeer é um bom exemplo de materialização do toque certo, de profundidade cósmica. Vermeer mergulha na intimidade da matéria, cristalizando-a na sua pintura.
Em Vermeer, tudo vive e fala, vemos que o bule está quente, a cadeira acabou de servir, o tapete e os chinelos aguardam os pés, sentimos que todas as coisas estão impregnadas pelo calor da mão. Ele captou e pintou o silêncio radioso que emana das coisas "amigas", o acolhimento que elas nos dão.
A cor está no tecido das coisas, no rosto rosado e jovem, na mão pousada sobre o ouro. Os vermelhos e os negros insondáveis como pedras translúcidas.
Vermeer, capta a essência, do meio. Depois da chuva, tudo o que existe de opaco no espaço holandês adquire uma profundidade líquida e luminosa que Vermeer incorporava na sua cor como uma poeira de pérola e turqueza de vibrações "moleculares" de organismos vivos. Como foi dito, ele juntava sempre a tudo o turqueza e o pérola, no sol, nas águas, nos velhos muros. Os azuis e os vermelhos dos tectos, dos cata-ventos, os reflexos trémulos na água azul, as árvores cuja folhagem sombria e azul, fazem da única paisagem que temos dele uma harmonia miraculosa, de onde se desprende um sereno equilíbrio, um silencio calmo e profundo, completamente desprovido de indolência ou
tédio, devido aos sábios toques de vermelho (a harmonia do azul e do vermelho). A calma que se desprende desta paisagem deve toda a impressão de infinitude ã predominância do azul, nas árvores e na água. O azul, como substituto do verde, impregna toda esta pintura de espiritualidade. Reflecte-se nesta tela um desejo de pureza e eternidade.
A teoria desenvolvida por Kandinsky, acerca das conotações, podemos dizer simbólicas da cor e como se tentou demonstrar ao longo desta explanação, fundamental na poiética artística passada e actual. E uma elaboração teórica, logicamente coerente ao nível interno, "consistente"e aplicável. Poroutro lado, fundamenta a meu ver, uma simbologia geral da cor. A sua teoria, apesar de não constituir uma teoria física da cor, realiza-se psicológica e espiritualmente.
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