2.3.7. Da cor e da Luz na Pintura
O Simbolismo da Cor na Obra de Van Gogh (Continuação)
Van Gogh procurou, através da cor, representar pensamentos, anseios e sentimentos. Ao pintar um retrato, tentou traduzir o carácter, o"sentir", e a "vivência" do retratado mediante o uso arbitrário da cor, de acordo com a sua terminologia: "... Gostaria de pintar o retrato de um artista amigo, um homem que sonha lindos sonhos, que trabalha tão bem como canta o rouxinol, porque isso constitui a sua natureza, será um homem louro. Quero transpor para o quadro, a minha apreciação, a estima que lhe tenho. Para começar, pinto-o como ele e, o mais fielmente possível. Mas o quadro, ainda não está terminado. Para o terminar, vou ser agora o tal colorista arbitrário. Exagero o louro do cabelo, ponho-lhe tons alaranjados, de crómio, de amarelo limão pálido. Atrás da cabeça, em vez de parede vulgar de um quarto médio, pinto a infinidade, um fundo de planície do mais rico e intenso azul que puder inventar, e esta simples combinação da cabeça clara, contra o fundo azul rico, provoca um efeito misterioso como uma estrela na profundidade do céu azulado.” [in Herbert Read, Filosofia da Arte Moderna, Lisboa, Ulisseia, s/d), p.34 ] Afinal, o designado uso arbitrário da cor, não e assim tão arbitrário como poderia à primeira vista parecer. A aplicação das cores, o significado que elas têm para Van Gogh e semelhante ao que aparece na simbólica tradicional. Exemplificando: o azul e infinidade, o amarelo a luz (a estrela).
Continua Van Gogh: "No retrato do camponês mais uma vez trabalhei assim, mas neste caso, não para produzir o misterioso esplendor de uma estrela pálida no (firmamento) infinito. Em vez disso penso no homem que tenho de pintar, terrível na fornalha do fim da colheita, o meio dia pleno. Daqui os violetas, manchas alaranjadas, vivas como ferro em brasa e os tons luminosos de amarelo oiro nas sombras". [in Herbert Read, Filosofia da Arte Moderna, (Lisboa, Ulisseia, s/d), p.35]
Aqui, o amarelo e o laranja representam o sol tórrido, a incandescência. O lado mais "negativo" destas cores e assim apresentado.
Mas, Van Gogh termina esta carta com um desafio, pois estava consciente da fragilidade do seu ideal: "Oh, meu caro... e as pessoas simpáticas só verão (a caricatura) o exagero como caricatura" [in Herbert Read, Filosofia da Arte Moderna, Lisboa, Ulisseia, s/d), p.35].
Os "girassóis", símbolo mesmo da arte de Van Gogh, do seu culto solar, representam a tentativa audaciosa de um artista visando captar a energia radiante do universo e a tornar sensível a todos. Todos o quadro e pintado em tons de amarelo, laranja e branco, as cores da luminosidade.
"Eu quero pintar de maneira que a rigor todos aqueles que têm olhos possam ver claro"
Este artista pretendia, como os seguintes, substituir a representação plástica do claro-escuro por uma interpretação "musical" (de que falará Kandinsky) fundada sobre o valor expressivo das cores puras. Os retratos, já referidos, de Van Gogh surgem por assim dizer, como ícones sobre os planos de fundo simbólicos, onde o amarelo e o azul no seu paroxismo, desempenham o mesmo papel transfigurador que o ouro e o azul nos mosaicos bizantinos ou nos primitivos "Siennois".
Van Gogh procurou, através da cor, representar pensamentos, anseios e sentimentos. Ao pintar um retrato, tentou traduzir o carácter, o"sentir", e a "vivência" do retratado mediante o uso arbitrário da cor, de acordo com a sua terminologia: "... Gostaria de pintar o retrato de um artista amigo, um homem que sonha lindos sonhos, que trabalha tão bem como canta o rouxinol, porque isso constitui a sua natureza, será um homem louro. Quero transpor para o quadro, a minha apreciação, a estima que lhe tenho. Para começar, pinto-o como ele e, o mais fielmente possível. Mas o quadro, ainda não está terminado. Para o terminar, vou ser agora o tal colorista arbitrário. Exagero o louro do cabelo, ponho-lhe tons alaranjados, de crómio, de amarelo limão pálido. Atrás da cabeça, em vez de parede vulgar de um quarto médio, pinto a infinidade, um fundo de planície do mais rico e intenso azul que puder inventar, e esta simples combinação da cabeça clara, contra o fundo azul rico, provoca um efeito misterioso como uma estrela na profundidade do céu azulado.” [in Herbert Read, Filosofia da Arte Moderna, Lisboa, Ulisseia, s/d), p.34 ] Afinal, o designado uso arbitrário da cor, não e assim tão arbitrário como poderia à primeira vista parecer. A aplicação das cores, o significado que elas têm para Van Gogh e semelhante ao que aparece na simbólica tradicional. Exemplificando: o azul e infinidade, o amarelo a luz (a estrela).
Continua Van Gogh: "No retrato do camponês mais uma vez trabalhei assim, mas neste caso, não para produzir o misterioso esplendor de uma estrela pálida no (firmamento) infinito. Em vez disso penso no homem que tenho de pintar, terrível na fornalha do fim da colheita, o meio dia pleno. Daqui os violetas, manchas alaranjadas, vivas como ferro em brasa e os tons luminosos de amarelo oiro nas sombras". [in Herbert Read, Filosofia da Arte Moderna, (Lisboa, Ulisseia, s/d), p.35]
Aqui, o amarelo e o laranja representam o sol tórrido, a incandescência. O lado mais "negativo" destas cores e assim apresentado.
Mas, Van Gogh termina esta carta com um desafio, pois estava consciente da fragilidade do seu ideal: "Oh, meu caro... e as pessoas simpáticas só verão (a caricatura) o exagero como caricatura" [in Herbert Read, Filosofia da Arte Moderna, Lisboa, Ulisseia, s/d), p.35].
Os "girassóis", símbolo mesmo da arte de Van Gogh, do seu culto solar, representam a tentativa audaciosa de um artista visando captar a energia radiante do universo e a tornar sensível a todos. Todos o quadro e pintado em tons de amarelo, laranja e branco, as cores da luminosidade.
"Eu quero pintar de maneira que a rigor todos aqueles que têm olhos possam ver claro"
Este artista pretendia, como os seguintes, substituir a representação plástica do claro-escuro por uma interpretação "musical" (de que falará Kandinsky) fundada sobre o valor expressivo das cores puras. Os retratos, já referidos, de Van Gogh surgem por assim dizer, como ícones sobre os planos de fundo simbólicos, onde o amarelo e o azul no seu paroxismo, desempenham o mesmo papel transfigurador que o ouro e o azul nos mosaicos bizantinos ou nos primitivos "Siennois".
Comentários