2.3.7. Da cor e da Luz na Pintura
O Simbolismo da Cor na Obra de Van Gogh (Conclusão)
Para os bizantinos, a cor era um elemento estável, rígido, cada cor tinha um sentido, um valor simbólico fixo, a cor era uma invariável universal com uma cadeia única de sentido. O significado dos símbolos cromáticos, do sentido simbólico das cores estava previamente definido. Nos Bizantinos o uso simbólico da cor estava codificado, não dependia da subjectividade de cada artista. Enquanto que para Van Gog as cores representavam a sugestão concreta da terra, do céu, do sol, ao mesmo tempo que e uma dimensão da sensibilidade, uma força subjectiva onde a ordem exterior se liga ao seu ritmo interior. A cor é a mensageira dos seus élans ou das suas depressões: « L'intensité n'est pas moin forte que dans les ouevres d’Arles mais elle passe de la couleur au dessin, de la concentration chromatique au dinamisme linéaire. Van Gogh renounce aux surfaces triomphantes de chrome ou de cobalt pour adopter, en accord avec son humeur dépressive une gamme rompue, assourdie, par les gris et les bruns, d’nuacement très subtil et très riche, d’une extrème résonance. Il est alors hanté par les formes convulsives et tourturées, les éruptions végétales, les perspectives hallucinatoires, un univers enchevêtré de tumulte et d’orage dans lequel se projettent ses tourments, comme si les tendences motrices de son être, inibiées par la reclusion de la maladie, éclataient brusquement en décharges angoissées. Jamais l’art n’a joué plus fondamentalement son rôle de catharsis. » [Jean Leymarie, Van Gogh, Arles – Saint-Remy, (Paris, Payot, 1956), pp. 12-13].
O acordo dos amarelos e dos azuis, simbolizava a glória do sol e dos seus equivalentes, os girassóis e as searas, sob o azul infinito da Provença. A vertigem da luz, do sol, do azul e a infinitude, o desejo de serenidade. As cores "demoníacas," por outro lado, os vermelhos "sangrentos", representativos das terríveis paixões humanas, intervêm neste simbolismo exasperado. (Jean Leymarie, op.cit. pp. 9-10)
No retrato do trompetista dos zuavos, que ele descreve como sendo "felino, olho de tigre, pescoço de touro, terrivelmente duro," pintou-o usando uma torrente quase bárbara de cores: vermelhos, verdes "degradados". [Gérard Knuttel, Van Gogh, (Verviers, Marabout Université, 1960), p.17)].
A arte de Van Gogh, o seu simbolismo intrínseco podem definir-se por esta frase, do próprio Van Gogh, onde se esboça um projecto: "Exprimir a essência das coisas e dos seres para lá das suas aparências" (Gérard Knuttel, op.cit. p.17)
A pintura aponta para a realização deste projecto. O simbolismo de Vincent, que impregna por vezes a obra de Gaugin, constitui uma operação do espírito, revelando um processo de abstracção, pois visa transformar numa realidade superior a realidade primeira que os olhos percepcionam.
Para os bizantinos, a cor era um elemento estável, rígido, cada cor tinha um sentido, um valor simbólico fixo, a cor era uma invariável universal com uma cadeia única de sentido. O significado dos símbolos cromáticos, do sentido simbólico das cores estava previamente definido. Nos Bizantinos o uso simbólico da cor estava codificado, não dependia da subjectividade de cada artista. Enquanto que para Van Gog as cores representavam a sugestão concreta da terra, do céu, do sol, ao mesmo tempo que e uma dimensão da sensibilidade, uma força subjectiva onde a ordem exterior se liga ao seu ritmo interior. A cor é a mensageira dos seus élans ou das suas depressões: « L'intensité n'est pas moin forte que dans les ouevres d’Arles mais elle passe de la couleur au dessin, de la concentration chromatique au dinamisme linéaire. Van Gogh renounce aux surfaces triomphantes de chrome ou de cobalt pour adopter, en accord avec son humeur dépressive une gamme rompue, assourdie, par les gris et les bruns, d’nuacement très subtil et très riche, d’une extrème résonance. Il est alors hanté par les formes convulsives et tourturées, les éruptions végétales, les perspectives hallucinatoires, un univers enchevêtré de tumulte et d’orage dans lequel se projettent ses tourments, comme si les tendences motrices de son être, inibiées par la reclusion de la maladie, éclataient brusquement en décharges angoissées. Jamais l’art n’a joué plus fondamentalement son rôle de catharsis. » [Jean Leymarie, Van Gogh, Arles – Saint-Remy, (Paris, Payot, 1956), pp. 12-13].
O acordo dos amarelos e dos azuis, simbolizava a glória do sol e dos seus equivalentes, os girassóis e as searas, sob o azul infinito da Provença. A vertigem da luz, do sol, do azul e a infinitude, o desejo de serenidade. As cores "demoníacas," por outro lado, os vermelhos "sangrentos", representativos das terríveis paixões humanas, intervêm neste simbolismo exasperado. (Jean Leymarie, op.cit. pp. 9-10)
No retrato do trompetista dos zuavos, que ele descreve como sendo "felino, olho de tigre, pescoço de touro, terrivelmente duro," pintou-o usando uma torrente quase bárbara de cores: vermelhos, verdes "degradados". [Gérard Knuttel, Van Gogh, (Verviers, Marabout Université, 1960), p.17)].
A arte de Van Gogh, o seu simbolismo intrínseco podem definir-se por esta frase, do próprio Van Gogh, onde se esboça um projecto: "Exprimir a essência das coisas e dos seres para lá das suas aparências" (Gérard Knuttel, op.cit. p.17)
A pintura aponta para a realização deste projecto. O simbolismo de Vincent, que impregna por vezes a obra de Gaugin, constitui uma operação do espírito, revelando um processo de abstracção, pois visa transformar numa realidade superior a realidade primeira que os olhos percepcionam.
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