2.3.7. Da Cor e da Luz na Pintura

O Simbolismo da Cor na Obra de Van Gogh

Van Gogh não foi um elemento da corrente simbolista, mas utilizou a cor para expressar as emoções:
"É uma cor não localmente verdadeira segundo o ponto de vista realista, mas uma cor sugestiva de urna emoção qualquer, do ardor de um temperamento". E adianta: "Procurei exprimir com o vermelho e o verde as terríveis paixões humanas." [Ver Jean Leymarie, Van Gogh, Arles – Saint-Remy, (Paris, Payot, 1956), p.10]
Van Gogh sentia uma profunda admiração e respeito por Delacroix, seguindo de certo modo a linha indicada pelo mesmo, é o próprio Van Gogh que nos diz numa das cartas ao irmão Theo em 1888:
"Estou só a abandonar o que aprendi em Paris e voltar-me de novo para as ideias que tinha no campo antes de conhecer os impressionistas. E não ficaria surpreendido se os impressionistas começassem brevemente a criticar o meu processo de trabalho, que deve mais, muito mais às ideias de Delacroix do que às deles". [Van Gogh, Carta 520, in Herbert Read, Filosofia da Arte Moderna, (Lisboa, Ulisseia, s/d), p.34]
Porque em vez de tentar reproduzir exactamente o que vejo, uso mais arbitrariamente a cor para me expressar com evidência". É evidente, uma intenção de usar simbolicamente a cor. Retornando às cartas de Van Gogh: "Expressar o Amor entre os amantes pelo casamento de duas cores complementares, pela sua mistura e oposição e pelas vibrações misteriosas de tons afins. Expressar um pensamento pelo esplendor de um tom luminoso num fundo escuro". (Ibid.)
Aurier falava de Van Gogh como se este fosse um simbolista, "não à maneira dos primitivos italianos, místicos que sentiam a necessidade de desmaterializar os seus "sonhos", mas como um simbolista que sente a contínua necessidade de revestir as suas ideias de formas precisas, ponderáveis, tangíveis com revestimentos intensamente carnais e materiais". [ Ver Jean Leymarie, Van Gogh, Arles – Saint-Remy, (Paris, Payot, 1956)].
Em quase todas as suas telas sob esse revestimento mórfico, sob essa "carne muito carne", sob essa "matéria muito matéria", encontra-se para o espírito que sabe e vê, um pensamento, uma ideia, e essa ideia essencial, substracto da obra, e ao mesmo tempo a causa suficiente. As linhas e, principalmente, as cores funcionam como simples procedimento de simbolização.

Comentários

Mensagens populares