Para onde foi a lógica?

Professor - Veja: aqui estão três fósforos. Aqui está mais um, o que faz quatro. Veja bem. Aqui estão quatro. Tiro um, quantos ficam?
Aluna - Cinco. Se três e um são quatro, quatro e um são cinco.
Professor - Mas não é isso, não é isso de maneira alguma. A menina tem tendência para adicionar. É preciso também subtrair. Não se deve unicamente integrar; é preciso desintegrar. É isso a vida, é isso a filosofia, é isso a ciência, é isso o progresso, a civilização.
Aluna - Sim, senhor professor.
Professor - Vejamos, reflicta bem. Não é fácil, eu sei. Mas a menina é suficientemente culta para produzir um esforço intelectual e chegar a compreender. Então?
Aluna - Não consigo, senhor professor, não sei.
Professor - Vejamos exemplos mais simples. Se a menina tivesse dois narizes e eu lhe arrancasse um, com quantos ficaria?
Aluna - Com nenhum.
Professor - Com nenhum?
Aluna - Sim. Justamente porque o senhor não arrancou nenhum é que eu tenho um agora. Se o tivesse arrrancado, eu não teria nenhum.


Eugène Ionesco, A Lição, (Lisboa, Minotauro, s/d), p.76.

Contradições em catadupa:

Só tive uma finalidade na vida: provar que a finalidade não existe.

Uma só coisa é certa: nada é certo.

Graças a Deus, sou ateu.

Num caixote de lixo: Conserve o lixo no seu lugar próprio.

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