O Mito de Fausto (2) A Cultura Fáustica

Construir, pois, por si-mesmo , um mundo - ser, então, um deus - tal é o sonho dos inventores da era Fáustica. Foi a partir desse sonho que jorraram as formas sucessivas e inuneráveis de máquinas concebidas e modificadas sem cessar, sempre com o objectivo de chegar o mais perto possível desse limite inacessível que é o perpetuum mobile. Assim, a ideia que o animal predador tem da sua presa estende-se, na sua latitude até ao extremo limite. Não é apenas esta ou aquela realidade parcelar do universo - tal é o caso de Prometeu ao apoderar-se do fogo celeste - mas o próprio Universo, com o seu segredo energético; esta é a presa a atingir com a criação da nossa Cultura. Mas aqueles que não sentiam em si essa vontade de Domínio sobre a Natureza atribuíram, necessariamente, a esse projecto uma virtualidade diabólica.

Oswald Spengler, O Homem e a Técnica, (Lisboa, Guimarães Editores, 1980, p.108

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