Fazer esperar

Diz Roland Barthes:"( ...) fazer esperar é prerrogativa constante de quem tudo pode, passatempo milenário da humanidade."

Nas relações ditas amorosas há quem use o jogo da espera como estratégia de sedução, ou como meio de despertar ou manter o interesse do outro. No meu caso, sou como o mandarim da história, citada pelo referido autor, que transcreverei abaixo, mas menos paciente: a estratégia da espera tem o efeito contrário, gera o desinteresse.

Um mandarim estava apaixonado por uma cortesã. "Serei vossa, diz ela, quando tiverdes passado cem noites à minha espera, sentado num tamborete, no meu jardim, debaixo da minha janela." Mas, à nonagésima nona noite, o mandarim levantou-se, pôs o tamborete debaixo do braço e foi-se embora.

Roland Barthes, Fragmentos de um Discurso Amoroso, (Lisboa, Edições 70, 1987), p.136

Comentários

Mensagens populares