Da Morte (4)
A morte é no dizer dos existencialistas, uma situação-limite, como tal há que reflectir sobre ela, e não fugir dela.
À Morte
Tu hás-de vir, dê por onde der - por que não já?
Espero por ti - e tão difícil me é viver.
Apaguei a luz e abri-te a porta,
a ti, ó tão simples e maravilhosa.
Toma o aspecto que quiseres,
irrompe como um projéctil envenenado ou avançasorrateira e barra na mão como o bandido experinte,
ou envenena-me com ar de tifo.
Vem como conto de fadas que inventaste
e toda a gente conhece até à náusea -
para que eu veja o cocoruto do boné azul
e o porteiro pálido de medo.
Tanto me faz. Ferve o Ienissei.
Brilha a estrela polar
e a luz azul dos olhos amados
anuvia-se do derradeiro horror.
Anna Akhmátova, Só o Sangue Cheira a Sangue, (Lisboa, Assírio e Alvim, 2000), p.99.
A morte é no dizer dos existencialistas, uma situação-limite, como tal há que reflectir sobre ela, e não fugir dela.
À Morte
Tu hás-de vir, dê por onde der - por que não já?
Espero por ti - e tão difícil me é viver.
Apaguei a luz e abri-te a porta,
a ti, ó tão simples e maravilhosa.
Toma o aspecto que quiseres,
irrompe como um projéctil envenenado ou avançasorrateira e barra na mão como o bandido experinte,
ou envenena-me com ar de tifo.
Vem como conto de fadas que inventaste
e toda a gente conhece até à náusea -
para que eu veja o cocoruto do boné azul
e o porteiro pálido de medo.
Tanto me faz. Ferve o Ienissei.
Brilha a estrela polar
e a luz azul dos olhos amados
anuvia-se do derradeiro horror.
Anna Akhmátova, Só o Sangue Cheira a Sangue, (Lisboa, Assírio e Alvim, 2000), p.99.
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