Da Morte (15)

A morte absurda, num dos meus poemas preferidos desde adolescente:

Receita para fazer um herói

Tome-se um homem,
Feito de nada, como nós,
E em tamanho natural.
Embeba-se-lhe a carne,
Lentamente,
Duma certeza aguda, irracional,
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois, perto do fim,
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim.

Serve-se morto.


Reginaldo Ferreira, "Poemas," in Jorge de Sena (ed), Líricas Portuguesas, (Lisboa, Edições 70, 1983), 2º vol., p.46

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