Da Amizade

(Para A.)

Uma pausa no tema dominante dos últimos dias, para louvar a excelência da Amizade, através das palavras de Voltaire:

Contrato tácito entre duas pessoas sensíveis e virtuosas. Sensíveis, porque um monge, um solitário, pode não ser ruim e viver sem conhecer a amizade.Virtuosas, porque os maus não adjungem mais que cúmplices. Os voluptuosos careiam companheiros de devassidão. Os interesseiros reúnem sócios. Os políticos congregam partidários. O comum dos homens ociosos mantêm relações. Os princípes têm cortesãos. Só os virtuosos possuem amigos. Cétego era cúmplice de Catilina, Mcenas era cortesão de Octávio. Mas, Cícero era amigo de Ático.
Que estabelece esse convénio entre duas almas ternas e honestas? As obrigações são mais ou menos intensas consonte a sensibilidade de uma e outra e o número de serviços prestados, etc.

Voltaire, Dicionário Filosófico, (São Paulo, Editora Martin Claret, 2002), p.23.

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