Um Mundo em que as Pessoas não têm Memória
Ontem à noite, ao bisbilhotar nas estantes, reencontrei e folheei o livro Os Sonhos de Einstein de Alan Lightman e, casualmente, reli estas passagens:
Um mundo sem memória é um mundo do presente.O passado só existe nos livros, nos documentos. Para se conhecerem a si próprias trazem consigo o Livro da Vida, onde está anotada a história das suas vidas. (...) Sem o Livro da Vida, as pessoas não passam de fotografias instantâneas, imagens bidimensionais, fantasmas. (...)
À medida que o tempo passa, o Livro da Vida de cada pessoa vai-se tornando cada vez maior, até já não poder ser lido na totalidade. E então há que escolher. Os homens e as mulheres mais velhos são capazes de ler as primeiras páginas, para se conhecerem na juventude; ou então, lêem a parte final, para se conhecerem nos últimos anos.
Também há os que pura e simplesmente deixaram de ler. São os que abandonaram o passado, os que decidiram que pouco lhes importa se ontem eram ricos ou pobres, cultos ou ignorantes, orgulhosos ou humildes, apaixonados ou de corações vazios - tal como pouco lhes importa saber como é que a brisa sopra por entre os seus cabelos. São pessoas que nos olham directamente nos olhos e têm firme o aperto de mão. São pessoas que caminham com a agilidade da juventude. Que aprenderam a viver num mundo sem memória.
Alan Lightman, "20 de Maio de 1905", in Os Sonhos de Einstein, /Lisboa, Edições Asa, 2000), pp.52-54.
Ontem à noite, ao bisbilhotar nas estantes, reencontrei e folheei o livro Os Sonhos de Einstein de Alan Lightman e, casualmente, reli estas passagens:
Um mundo sem memória é um mundo do presente.O passado só existe nos livros, nos documentos. Para se conhecerem a si próprias trazem consigo o Livro da Vida, onde está anotada a história das suas vidas. (...) Sem o Livro da Vida, as pessoas não passam de fotografias instantâneas, imagens bidimensionais, fantasmas. (...)
À medida que o tempo passa, o Livro da Vida de cada pessoa vai-se tornando cada vez maior, até já não poder ser lido na totalidade. E então há que escolher. Os homens e as mulheres mais velhos são capazes de ler as primeiras páginas, para se conhecerem na juventude; ou então, lêem a parte final, para se conhecerem nos últimos anos.
Também há os que pura e simplesmente deixaram de ler. São os que abandonaram o passado, os que decidiram que pouco lhes importa se ontem eram ricos ou pobres, cultos ou ignorantes, orgulhosos ou humildes, apaixonados ou de corações vazios - tal como pouco lhes importa saber como é que a brisa sopra por entre os seus cabelos. São pessoas que nos olham directamente nos olhos e têm firme o aperto de mão. São pessoas que caminham com a agilidade da juventude. Que aprenderam a viver num mundo sem memória.
Alan Lightman, "20 de Maio de 1905", in Os Sonhos de Einstein, /Lisboa, Edições Asa, 2000), pp.52-54.
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