Da Voluptuosidade (6)

Assim falou Zaratustra, sobre a voluptuosidade, segundo Nietzsche:

»Voluptuosidade: uma espinha e um aguilhão para todos os que desprezam o corpo penitente, amaldiçoado como "mundo" por todos os visionários de além, porque ela zomba e ilude todos os professores da perturbação e do erro.

»Voluptuosidade: para a gentalha, é o fogo lento que a consome; para toda a madeira carunchosa, para todo o farrapo malcheiroso, é o forno incandescente.

»Voluptuosidade: para os corações livres, inocente e livre é a felicidade campestre da terra, a exaltação reconhecida de todo o futuro pelo presente.

»Voluptuosidade: para as almas mirradas, um veneno adocicado, mas, para quem tem vontade de leão, é o cordial, o vinho dos vinhos que se poupa com respeito.

»Voluptuosidade: a grande felicidade, o símbolo da suprema felicidade. Porque a muitas coisas está o casamento prometido e mais do que o casamento.

»... a muitas coisas mais estranhas a si próprias do que o homem é em relação à mulher - e quem alguma vez compreendeu completamente a que ponto o homem e a mulher são estranhos um ao outro!

»Voluptuosidade: entretanto vou pôr cadeias em volta dos meus pensamentos e até em volta das minhas palavras: com medo de que os porcos e os exaltados irrompam pelos meus jardins.

Friedrich Nietzsche, Assim falou Zaratustra, (Lisboa, Publicações Europa-América, 1978), pp.185-186

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