Da Voluptuosidade (2)

Fetichismo, Frigidez e Onanismo

A propósito do fetichismo, afirmou Egas Moniz, na obra, "A Vida Sexual:

"O próprio Descartes era feiticista de uma deformidade feminina. Só se excitava com as mulheres vesgas, e explicava isso pela razão de ter êsse defeito a primeira mulher com quem tivera relações sexuais."

Egas Moniz, A Vida Sexual, (Lisboa, Casa Ventura Abrantes, 1927), p. 557.

Quem diria, Cartesius, como o designava Schopenhauer, era um original!

Continuem a pasmar com as seguintes afirmações de Freud:

Consideramos como reacção normal que a mulher, em subsequência à introdução do pénis, abrace o homem, apertando-o contra ela no auge da satisfação, e observamos essa atitude como expressão de sua gratidão e prova de sujeição duradoura. Mas sabemos que não é regra, de maneira alguma, que a primeira ocasião do acto sexual conduza a esse comportamento; muito frequentemente significa apenas desapontamento para a mulher, que permanece fria e insatisfeita e, geralmente, requer bastante tempo e frequente repetição do acto sexual, antes que também comece a encontrar satisfação no mesmo. Há uma sucessão ininterrupta dos casos de simples frigidez inicial que logo desaparece, até a triste manifestação de permanente e obstinada frigidez que nenhum esforço carinhoso da parte do marido pode vencer. Acredito que essa frigidez nas mulheres ainda não é suficientemente compreendida e, excepto para aqueles casos que devem ser atribuídos à potência insuficiente do homem, clama por elucidação, possivelmente através de fenómenos coligados.

Freud, "O Tabu da Virgindade" in Cinco Lições de Psicanálise, Contribuições à Psicologia do Amor, (Rio de Janeiro, Imago, 1997), p. 103.

E, segue-se mais um extracto da Vida Sexual de Egas Moniz, desta feita sobre o onanismo a "perversão sexual primeiro conhecida e divulgada" ou a "perturbação genésica mais espalhada", vulgo a masturbação. Não será de espantar o sucesso que esta obra teve aquando da sua publicação e as muitas reedições...

Nos países orientais, onde as mulheres parecem ser mais lascivas, devido talvez à acção da temperatura, regime alimentar e vida excitante dos haréns , onde não têm outro fim em vista senão o prazer sexual, existe um pequeno aparelho composto de duas esferas: uma (a fêmea) é completamente ôca e outra (o macho) é uma esfera maciça que se justapõe à primeira no canal vaginal de forma a ficar a esfera ôca juntodo colo uterino. A maciça segue-se-lhe na vagina. O menor movimento das coxas provoca, por meio do rolamento, uma vibração na esfera cheia que imediatamente se comunica à outra que por sua vez a transmite ao útero. As esferas têm a grandeza de ovos de pomba. Conta-se que a excitação genésica experimentada é grande sendo inútil o movimento da bacia para obter as vibrações das esferas. Depois das primeiras vibrações as próprias contracções do canal vaginal bastam para entreter o frémito lento e contínuo, que bem depressa arrasta a mulher ao espasmo genésico.

Egas Moniz, AVida Sexual, (Lisboa, Casa Ventura Abrantes, 1927), pp. 515-516.

É de salientar o entusiasmo, e a abundância de pormenores evidenciados pelo autor desta sugestiva descrição.

Agora começo a compreender o significado oculto da cena dos ovos no filme O Império dos Sentidos...

Entretanto, surgiram-me algumas dúvidas: Será que os protagonistas desconheciam este pequeno aparelho?Este pequeno aparelho proporcionará mais prazer do que uma afamada peça de lingerie que está apetrechada com um estimulador do clítoris?

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