Duas vias para a compreensão do pensamento hermenêutico: Heidegger e Paul Ricoeur
III- A destruição metafísica (3)
A crítica heideggariana, constituiu um momento interno da Hermenêutica. Toda a interpretação de um texto implicaria uma ruptura com esse mesmo texto, implicaria um distanciamento. Mas, seria a própria ruptura, o lugar onde se daria o encontro.
O diálogo hermenêutico visaria preencher a diferença que o geraria. O próprio conhecimento da historia e histórico não seria possível mediante uma reprodução servil, mas antes mediante uma reinvenção e uma reapropriação do sentido. Conhecer não se reduziria a procurar a identidade, seria laborar no interior da diferença. (A "ruptura" jamais será superada pois a "distância" nunca poderá ser reduzida).
Tornar-se-ia urgente reencontrar o sentido da Metafísica, partindo da própria metafísica, e nessa intenção, interrogar os pensadores acerca do próprio objecto da sua problemática, verificando-se então que o que encontraram, não seria realmente o que procuravam. As respostas demasiado prematuras teriam ocultado o essencial da questão.
O pensador dos "Holzwege", denunciou a segurança enganadora da reflexão. O pensamento deveria pôr em questão a interrogação do metafísico e nesse sentido prolongar, mantendo-a em aberto, a problemática, por ele, metafísico, apenas esboçada e logo evitada.
A História do pensamento, constituiu para Heidegger, a Tradução da Tradição do Ser. Toda a Filosofia seria a expressão de uma visão histórica do ser. Ora, a interrogação ontológica, coincidiria com o despertar da existência humana no mundo, sendo a expressão do modo particular como uma determinada época, o homem se interpreta como Ser-no-mundo, Ser-ai (Da-sein).
Assim seria lícito a este nível de reflexão, vislumbrar um esquematismo comum das diversas filosofias e consequentemente tornar-se-ia possível traçar o perfil histórico da metafísica.
A importância de um sistema filosófico, não se captaria inventariando a variedade temática nele inscrita, seria analisando os esquemas genéticos,
constitutivos desse mesmo sistema, que os fundamentos desse modo de pensar se tornariam transparentes, visíveis.
O ritmo da Filosofia, da metafísica Ocidental, foi interpretado por Heideggerde acordo com as coordenadas anteriormente mencionadas
Segundo, o autor, três tempos estruturariam o ritmo dessa mesma Metafísica: primeiramente o tempo da Filosofia grega, inaugurada pelos pré-socráticos; o período moderno iniciado por Descartes, e finalmente a época contemporânea, o reino da Técnica.
O nosso estudo, baseado nesta perspectiva de Heidegger versará apenas o período moderno, referindo essencialmente Hegel, mais precisamente o conceito de experiência hegeliano luz da interpretação heideggariana. Formular-se-ão alguns comentários ao pensamento cartesiano revisto por Heidegger e "criticado" depois por Ricoeur, pois pensamos ser importante, senão mesmo imprescindível para uma compreensão global, do texto: "O conceito de experiência em Hegel", analisar a perspectiva heideggariana, acerca do pensador inaugural do período moderno, servindo-nos seguidamente da "critica da critica" realizada por Ricoeur a fim de esclarecer dentro do possível todos os pontos que estivessem mais nubelosos.
Descartes que "fala magistralmente a língua da Escolástica Medieval" teria transferido para o homem os caracteres do absoluto divino. Mas o humanismo cartesiano não poderia ser classificado ateu. Seria o Deus criador que garantiria a realidade do mundo sensível, perante o "cogito" e daria à liberdade humana, uma dimensão infinita.
O Deus cartesiano seria um Deus posto ao serviço da secularização do homem e rebaixado ao nível limitado das suas inquietações e dos seus expedientes. ("ln Chemins... Hegel et son concept d'Experience").
Heidegger, rejeitou antes de mais a representação do Cogito, que criticou no capítulo de "Chemins..." L'Epoque des conceptions du Monde (pags. 114,129,140 a 144). O "cogito" está na base de todo o sistema cartesiano. Descartes, conceberia o sujeito pensante à maneira da substância aristotélica. Ele projectaria sobre o cogito o perfil do objecto e inversamente, representaria o objecto atribuindo-lhe os traços subjectivos do cogito. A verdade seria definida como a certeza do pensamento que se asseguraria da rectidão, da relação da ideia com o objecto.
Descartes teria esquecido a diferença existente entre o sujeito e o objecto conhecido subjectivamente. O conhecimento, com efeito, não se reduziria à representação, mas seria o reconhecimento de uma presença.. O Pensamento estaria voltado para o Mundo. Heidegger insistiu no esquecimento do ser, também aqui em Descartes, o qual não teria atendido ao próprio ser do sujeito.
III- A destruição metafísica (3)
A crítica heideggariana, constituiu um momento interno da Hermenêutica. Toda a interpretação de um texto implicaria uma ruptura com esse mesmo texto, implicaria um distanciamento. Mas, seria a própria ruptura, o lugar onde se daria o encontro.
O diálogo hermenêutico visaria preencher a diferença que o geraria. O próprio conhecimento da historia e histórico não seria possível mediante uma reprodução servil, mas antes mediante uma reinvenção e uma reapropriação do sentido. Conhecer não se reduziria a procurar a identidade, seria laborar no interior da diferença. (A "ruptura" jamais será superada pois a "distância" nunca poderá ser reduzida).
Tornar-se-ia urgente reencontrar o sentido da Metafísica, partindo da própria metafísica, e nessa intenção, interrogar os pensadores acerca do próprio objecto da sua problemática, verificando-se então que o que encontraram, não seria realmente o que procuravam. As respostas demasiado prematuras teriam ocultado o essencial da questão.
O pensador dos "Holzwege", denunciou a segurança enganadora da reflexão. O pensamento deveria pôr em questão a interrogação do metafísico e nesse sentido prolongar, mantendo-a em aberto, a problemática, por ele, metafísico, apenas esboçada e logo evitada.
A História do pensamento, constituiu para Heidegger, a Tradução da Tradição do Ser. Toda a Filosofia seria a expressão de uma visão histórica do ser. Ora, a interrogação ontológica, coincidiria com o despertar da existência humana no mundo, sendo a expressão do modo particular como uma determinada época, o homem se interpreta como Ser-no-mundo, Ser-ai (Da-sein).
Assim seria lícito a este nível de reflexão, vislumbrar um esquematismo comum das diversas filosofias e consequentemente tornar-se-ia possível traçar o perfil histórico da metafísica.
A importância de um sistema filosófico, não se captaria inventariando a variedade temática nele inscrita, seria analisando os esquemas genéticos,
constitutivos desse mesmo sistema, que os fundamentos desse modo de pensar se tornariam transparentes, visíveis.
O ritmo da Filosofia, da metafísica Ocidental, foi interpretado por Heideggerde acordo com as coordenadas anteriormente mencionadas
Segundo, o autor, três tempos estruturariam o ritmo dessa mesma Metafísica: primeiramente o tempo da Filosofia grega, inaugurada pelos pré-socráticos; o período moderno iniciado por Descartes, e finalmente a época contemporânea, o reino da Técnica.
O nosso estudo, baseado nesta perspectiva de Heidegger versará apenas o período moderno, referindo essencialmente Hegel, mais precisamente o conceito de experiência hegeliano luz da interpretação heideggariana. Formular-se-ão alguns comentários ao pensamento cartesiano revisto por Heidegger e "criticado" depois por Ricoeur, pois pensamos ser importante, senão mesmo imprescindível para uma compreensão global, do texto: "O conceito de experiência em Hegel", analisar a perspectiva heideggariana, acerca do pensador inaugural do período moderno, servindo-nos seguidamente da "critica da critica" realizada por Ricoeur a fim de esclarecer dentro do possível todos os pontos que estivessem mais nubelosos.
Descartes que "fala magistralmente a língua da Escolástica Medieval" teria transferido para o homem os caracteres do absoluto divino. Mas o humanismo cartesiano não poderia ser classificado ateu. Seria o Deus criador que garantiria a realidade do mundo sensível, perante o "cogito" e daria à liberdade humana, uma dimensão infinita.
O Deus cartesiano seria um Deus posto ao serviço da secularização do homem e rebaixado ao nível limitado das suas inquietações e dos seus expedientes. ("ln Chemins... Hegel et son concept d'Experience").
Heidegger, rejeitou antes de mais a representação do Cogito, que criticou no capítulo de "Chemins..." L'Epoque des conceptions du Monde (pags. 114,129,140 a 144). O "cogito" está na base de todo o sistema cartesiano. Descartes, conceberia o sujeito pensante à maneira da substância aristotélica. Ele projectaria sobre o cogito o perfil do objecto e inversamente, representaria o objecto atribuindo-lhe os traços subjectivos do cogito. A verdade seria definida como a certeza do pensamento que se asseguraria da rectidão, da relação da ideia com o objecto.
Descartes teria esquecido a diferença existente entre o sujeito e o objecto conhecido subjectivamente. O conhecimento, com efeito, não se reduziria à representação, mas seria o reconhecimento de uma presença.. O Pensamento estaria voltado para o Mundo. Heidegger insistiu no esquecimento do ser, também aqui em Descartes, o qual não teria atendido ao próprio ser do sujeito.
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