Duas vias para a compreensão do pensamento hermenêutico: Heidegger e Paul Ricoeur


III - A Destruição da Metafísica (2)



A Metafísica Ocidental seria a expressão do próprio "destino" do pensamento, não se poderá ignorá-la para construir o novo. E o homem seria um metafísico submerso nos dualismos gregos (não se pode pensar sem recorrer às múltiplas categorias, às múltiplas figuras do Eidos ou ao movimento telúrico do Eros).
A Linguagem teria uma função necessariamente objectiva e objectivante. O homem não pode pensar sem objectivar a sua reflexão no Universo da Representação. Mas será lícito concluir que o pensamento se reduz à representação?
A identificação da essência da reflexão com a estrutura metafísica será correcta?
Todavia, será interrogando a metafísica no seu conjunto, que o pensador poderá entrever, se a Filosofia tem verdadeiramente um sentido não Metafísico. Superar a Metafísica significaria assim, levar a reflexão a superar-se a si própria pela interrogação.
Heidegger realizou a seu modo, uma Hermenêutica da Filosofia Ocidental na sua globalidade, partindo das diferentes formas Metafísicas e procurando descobrir o seu sentido comum.
A Metafísica, para este autor, será possível seguindo um movimento de reinterpretações sucessivas, as quais revelarão as possibilidades ocultas de uma Filosofia precedente. Todo o sistema, com efeito, tem a sua génese numa abertura que a reflexão apreenderia, vislumbraria num dos sistemas anteriores. Todavia, o pensamento assim formado, novamente descobriria a fenda por ele aberta e tenderia a concentrar-se sobre si próprio, organizando-se então como sistema. É a representação que ao estruturar a reflexão se tornaria responsável pela aparente descontinuidade das filosofias. Pois, na realidade, fundamentalmente, beberiamm todas da mesma fonte, colhendo a sua inspiração, numa génese comum fonte de novidade e continuidade.
Hegel, que abordaremos mais detalhadamente e ainda tendo por base a interpretação heideggariana, procurou empreender uma reinterpretação global da Metafísica acentuando as suas ambiguidades e limitações, propondo a superação das perspectivas parciais. Hegel reconciliou os diferentes discursos filosóficos com o discurso do próprio espírito. Contudo, Hegel, ficou preso no sistema que pretendeu superar. Formulando a escatologia do Espírito baseou-se num pressuposto não-elucidado ou seja a normatividade da Representação.
Heidegger, seguiu a via hegeliana, foi a Metafisica no seu conjunto que problematizou, todavia não criou um novo sistema, nem sequer propôs uma alternativa à Metafisica (Ocidental) tradicional. Analisou a problemática do pensamento, interrogando-se acerca do seu sentido perdido, acerca da sua direcção obnubilada.
O autor visaria restituir a intenção positiva da Filosofia e denunciar os seus limites.

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