Ao procurar textos nos meus papéis descobri umas quadras, que redigi para serem declamadas no jantar de finalistas em Filosofia no dia 29 de Junho de 1985, na Universidade Católica de Lisboa. Vou transcrevê-las aqui no blog. Pode ser que um ou outro dos meus antigos colegas de curso passem por aqui e vivam um momento de evocação…
Aos colegas:
Amílcar, filósofo poeta
É o seu modo de ser
Fugindo de certa treta
Não o preocupa o bem parecer
Na aula dissertando
Anabela a trémula
Discorre sofrendo
De Filosofia etérea
Corte o galante
Olhando de soslaio
Uma dama elegante
Ia tendo um desmaio
Dinis o afável major
Nada tem de militarista
Fabricando com primor
Belos cartões de visita
Eduardo diz-se fadista
Amante de patuscadas
Mas, não arranjou guitarrista
Nem queremos sardinhadas
Bem engomar é do seu gosto
Cria belos bolos deliciosos
Que entrega sem desgosto
Aos filósofos maliciosos
No oceano do ser
Está Florinda suspensa
Desprender-se dos turbilhões do ter
É sua ânsia intensa
Qual alegre cruzado
Eis Francisca D’Arc
Os cépticos degladiando
Desta pirrónica claque
Francisca cidadã incomodada
Ao Abecassis se queixou
Que ele encerrasse a patuscada
Que na Praça da Figueira se instalou
Sempre encerrado na toca
O tímido e pacato Jocelino
Ao versar a política
Tornou-se vivo e felino
Numa prancha surfando
José atinge o nirvana
Neptuno sulcando
Ao cosmos se irmana
Miguel sacerdote seria
Se não cedesse ao encanto
De seguir a profana folia
Deixando o gregoriano canto
Um certo jeito extravagante
É apanágio do Perfeito
Ei-lo que passa saltitante
Como um punk a preceito
Pinto, o transmontano
Entregou-se à Teologia
Mas, num não bento ano
Voltou-se para a Filosofia
Valdemar, o positivista
Vem varrendo com desdém
Todo o ideal misticista
Preferindo o aqui ao Além
Aos professores
A questão candente
Da imobilidade do ser
Repercute-se dolente
No modo da Drª Lorena dizer
Simpática Senhora
É a Drª Isabel Silva
Quando menos se espera
A chumbadela pica
Figura grave e esguia
De sábio místico e asceta
O telos que o guia
É sua mais obscura faceta
O terror dos novatos
É um histórico poder
Não tolera desacatos
A todos faz tremer
S.Tomás é para ele o maior
A Platão também acena entre os mais
Mas a rigor a rigor
O Fédon prova demais
Mourão é doutor muito popular
O seu exemplo da carraça
Correu mundo e é de bradar
E até tem a sua graça
Em Sto Agostinho citando
Do seu olhar dimana
Qual torrente brotando
Uma luz sobre-humana
Enfim chegados ao fim
Eis-nos todos a implorar
Para o senhor do Bonfim
As fichas do Dr Cassiano nos dar
Filosofia portuguesa
É a sua especialidade
Mas Cenáculo com certeza
Detém a prioridade
Imbuído de intensa reverência
Discursa o jovem Dr. Paixão
Tremendo de eloquência
Acerca do pensamento alemão
Um certo Dr sorridente
Como especial mestre do pensar
Elegeu Schopenhauer maldizente
Divulgando-o sem pesar
O moderno pregador
Da novel Cristologia
Tenta despertar com ardor
Os indiferentes da filosofia
Nietzsche acutilante
Dilacerou bafientas verdades
Segue-o Serra confiante
Mesmo contra as sumidades
Aos colegas:
Amílcar, filósofo poeta
É o seu modo de ser
Fugindo de certa treta
Não o preocupa o bem parecer
Na aula dissertando
Anabela a trémula
Discorre sofrendo
De Filosofia etérea
Corte o galante
Olhando de soslaio
Uma dama elegante
Ia tendo um desmaio
Dinis o afável major
Nada tem de militarista
Fabricando com primor
Belos cartões de visita
Eduardo diz-se fadista
Amante de patuscadas
Mas, não arranjou guitarrista
Nem queremos sardinhadas
Bem engomar é do seu gosto
Cria belos bolos deliciosos
Que entrega sem desgosto
Aos filósofos maliciosos
No oceano do ser
Está Florinda suspensa
Desprender-se dos turbilhões do ter
É sua ânsia intensa
Qual alegre cruzado
Eis Francisca D’Arc
Os cépticos degladiando
Desta pirrónica claque
Francisca cidadã incomodada
Ao Abecassis se queixou
Que ele encerrasse a patuscada
Que na Praça da Figueira se instalou
Sempre encerrado na toca
O tímido e pacato Jocelino
Ao versar a política
Tornou-se vivo e felino
Numa prancha surfando
José atinge o nirvana
Neptuno sulcando
Ao cosmos se irmana
Miguel sacerdote seria
Se não cedesse ao encanto
De seguir a profana folia
Deixando o gregoriano canto
Um certo jeito extravagante
É apanágio do Perfeito
Ei-lo que passa saltitante
Como um punk a preceito
Pinto, o transmontano
Entregou-se à Teologia
Mas, num não bento ano
Voltou-se para a Filosofia
Valdemar, o positivista
Vem varrendo com desdém
Todo o ideal misticista
Preferindo o aqui ao Além
Aos professores
A questão candente
Da imobilidade do ser
Repercute-se dolente
No modo da Drª Lorena dizer
Simpática Senhora
É a Drª Isabel Silva
Quando menos se espera
A chumbadela pica
Figura grave e esguia
De sábio místico e asceta
O telos que o guia
É sua mais obscura faceta
O terror dos novatos
É um histórico poder
Não tolera desacatos
A todos faz tremer
S.Tomás é para ele o maior
A Platão também acena entre os mais
Mas a rigor a rigor
O Fédon prova demais
Mourão é doutor muito popular
O seu exemplo da carraça
Correu mundo e é de bradar
E até tem a sua graça
Em Sto Agostinho citando
Do seu olhar dimana
Qual torrente brotando
Uma luz sobre-humana
Enfim chegados ao fim
Eis-nos todos a implorar
Para o senhor do Bonfim
As fichas do Dr Cassiano nos dar
Filosofia portuguesa
É a sua especialidade
Mas Cenáculo com certeza
Detém a prioridade
Imbuído de intensa reverência
Discursa o jovem Dr. Paixão
Tremendo de eloquência
Acerca do pensamento alemão
Um certo Dr sorridente
Como especial mestre do pensar
Elegeu Schopenhauer maldizente
Divulgando-o sem pesar
O moderno pregador
Da novel Cristologia
Tenta despertar com ardor
Os indiferentes da filosofia
Nietzsche acutilante
Dilacerou bafientas verdades
Segue-o Serra confiante
Mesmo contra as sumidades
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