Do conceito de mimesis
Nota sobre o conceito em Platão

O conceito de mimesis com todas as variantes de significação desempenhou um lugar marcante no pensamento platónico. Referiremos, sinteticamente, alguns desses cambiantes.
Segundo Platão, no Sofista 265c-d, as artes produtivas dividir-se-iam em humanas e divinas. A mimesis identificar-se-ia com um género de produtividade comum ao divino e ao humano. Ainda no Sofista, 265c-d, os originais produzidos pelo demiourgos seriam entes naturais, enquanto as sombras e as miragens resultariam da sua função mimética. Contudo, na República 596 b,o demiourgos surgiria como o criador dos eide, dos arquétipos. O artesão produziria o objecto físico, cópia do eide e, finalmente, o pintor realizaria a cópia da cópia. Já no Timeu, o demiourgos surgiria caracterizado como alguém que criaria o mundo sensível a partir do inteligível, que funcionaria como paradigma.
Ao nível ontológico o produto da mimesis seria inferior ao seu modelo possibilitaria, no entanto, a ligação entre o mundo sensível e o mundo inteligível.
A crítica de Platão às artes apresenta dois ângulos:
Por um lado atribuiu-lhes um estatuto de falsidade ontológica pois considerava o seu meio de acesso à realidade ténue, uma vez que as obras de arte suas contemporâneas, seriam imagens de imagens, velariam o verdadeiro real, seriam perniciosas,até porque, em seu entender, as imagens dos deuses e dos heróis elaboradas pelos poetas, não serim exactas, na medida em que retratariam como mau aquilo que seria essencialmente bom (República, 377 d-e). Por outro lado, admitiu a constituição de uma arte positiva, que permitiria a formação completa do homem e o seu aperfeiçoamento. Essa constituiria a arte na sua dimensão mais profunda, embora acentuadamente ética. A arte poderia deste modo ser um meio de acesso à realidade fundante através do recurso à analogia e aos símbolos, linguagem universal do supra e do infra humano,do espírito e do corpo.

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