Eis o Outono!

O vento entra pelas varandas, derruba molduras, faz voar papéis e bater as portas com euforia e alguma frescura.
No largo já se pode passear sobre folhas amarelas e castanhas ou ver esvoaçar as mais favorecidas pelo acaso.
Depois de todo o caos à volta da colocação dos professores, as crianças voltaram à escola...

E agora, vou recitar um poema, inusitado, sobre o Outono:

Dia de Outono

É um céu, um início já, e mais frio, como se algum passado pudesse recomeçar ainda.
Repetir-se, repete mais quente esse: Vem, no seu azul relembrado, azul imenso.
Além do fim da estrada, dos fios, e mais longe, como se houvesse e de novo
desígnio.O espaço e logo a fuga, ao longo de um regato, em busca, entre silvas.
O amarelo dos muros e os frutos, pendendo cada dia das cercas e dos ramos.
O verde das folhas, um aroma de novo mais frio e quente, e de novo mais longínquo, branco, o seu azul.
Ou num pátio a folhagem que o vento juntou na sombra.

Michael Donhauser, Das Coisas, (Lisboa, Quetzal Editores, 2000), p. 16

Comentários

Mensagens populares