Sambucus Nigra L.
O SABUGUEIRO (IV)
Então as suas bagas enchem-se, as umbelas cheias curvam-se, dobradas ao
peso do seu leite negro.
Caem do alto, muito juntas, no tanque verde das suas folhas, e dispersas
escorrem ainda pelo bordo em densas gotas.
De pés vermelhos descarnados pendem sobre o tanque seguinte ou saltam
sobre a folhagem para o vazio.
Como em nenhum jogo de água, derrama-se em centenas de cascatas,
e transpõe o bordo verde sem que um último tanque o recolha.
Assim transcende o desenho das fontes romanas, transpõe o muro em ruínas,
transbordante.
Fica a desmesura do seu movimento, fixa-se a si próprio numa imagem, por
alguns dias de fim de Verão, até que as suas bagas caiam uma a uma e as um-
belas escuras se iluminem.
Por fim tinge de gotas negras as pedras a seus pés.
Michael Donhauser, Das Coisas, (Quetzal Editores, 2000), p.14.
Sambucus Nigra L.
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