Génese da cisão homem/natureza nos escritos de juventude de Hegel ( O Espírito do Cristianismo e o seu Destino)


Hegel criticou, nos seus escritos de juventude, a concepção judaico-cristã de natureza, atribuindo-lhe a responsabilidade pela desvalorização da natureza e pela sua transformação em objecto, pela sua coisificação. De acordo com Hegel, mercê da elevação de Deus acima da Natureza e do homem considerados criaturas dependentes, o cristianismo - animado pela ideia judaica de transcendência de Deus que conceberia a relação do criador com a criatura como uma relação entre senhor e escravo - teria despojado a natureza do seu carácter divino para a reduzir a um amontoado de coisas inanimadas que urgia dominar. Deste modo teria dado origem a um processo de alienação que tornou o homem estranho ao mundo e à sua própria Natureza. Em seu entender, perdeu-se a Bela Totalidade Grega, a harmoniosa relação entre o homem e o mundo. A referida cisão iria ser, posteriormente, generalizada pela razão moderna que opôs espírito e matéria, alma e corpo, fé e entendimento, ser e nada, conceito e ser, finito e infinito, razão e sensibilidade, inteligência e natureza.

Bibliografia:

Hegel, L'esprit du christianisme et son destin précédé de L'esprit du judaïsme, (Paris, Librairie Philosophique Vrin, 2001)

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