O Poema

não resisto a transcrever este poema de e.e.cummings:

somewhere i have never travelled, gladly beyond


somewhere i have never travelled, gladly beyond
any experience, your eyes have their silence:
in your most frail gesture are things which enclose me,
or which i cannot touch because they are too near

your slightest look easily will unclose me
though i have closed myself as fingers,
you open always petal by petal myself as Spring opens
(touching skilfully, mysteriously) her first rose

or if your wish be to close me, i and
my life will shut very beautifully, suddenly,
as when the heart of this flower imagines
the snow carefully everywhere descending;

nothing which we are to perceive in this world equals
the power of your intense fragility: whose texture
comples me with the colour of its coutries,
rendering death and forever with each breathing

(i do not know what it is about you that closes
and opens; only something in me understands
the voice of your eyes is deeper than all roses)
nobody, not even the rain, has such small hands




em algum lugar que nunca visitei, felizmente além


em algum lugar que nunca visitei, felizmente além
de qualquer experiência, seus olhos retém o seu silêncio:
nos seus gestos mais frágeis há coisas que me encerram,
ou que não posso tocar porque estão perto.

seu olhar mais breve me desabrocha feito pétalas
mesmo que eu sempre me feche como dedos,
você me abre sempre, pétala por pétala, como a primavera abre
(tocando sutilmente, misteriosamente) sua primeira rosa.

ou se seu desejo fosse estar perto de mim, eu e
minha vida encerraríamos com beleza, de repente,
como quando o coração dessa flor imagina
a neve descendo docemente em todos os lugares.

nada do que eu possa perceber neste mundo é igual
à força de sua intensa fragilidade: cuja textura
me mistura com a cor de seus campos,
retribuindo a morte e o eterno a cada sopro

(não sei dizer o que há em você que se fecha
e se abre: só um pedaço de mim compreende que a voz
de seus olhos é mais profunda que todas as rosas)
ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas


Trad. Rodrigo Garcia Lopes

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