Carl Axel Magnus Linnemand, Viscum Album
Agora que vamos entrar numa fase do ano fundamentalmente ritualista e simbólica, vamos esquecer as críticas à sociedade de consumo, aos esteriótipos do Natal e reflectir sobre as dimensões positivas dos ritos que se repetem, ciclicamente.
Programado e repetitivo o ritual comporta determinações prévias: ao celebrarmos o rito sabemos, antecipadamente, o que irá acontecer, porque já o fizemos e voltaremos a fazê-lo. Assim, o rito opõe-se à pura espontaneidade, ao happening, por definição não programado e não repetitivo. Todavia, requer uma certa criatividade, pois a criatividade é condição da actualização e da adequação do rito ao presente.
Retomando o Nata, as listas de prendas, as ementas festivas, as decorações brilhantes, as canções... dão-nos a ilusão perfeita de um agir social simbólico e programado. Os ritos recapitulam e unificam as fragmentações psicológicas intrínsecas à diversidade das nossas condições existenciais - família, trabalho, amigos, lazer, actividade política e social. Os rituais podem gerar uma reunificação interior. O eu profundo não é redutível às nossas acções ou história individual, o eu profundo revela-se através do ritual e os ritos constituem uma tentativa de expressar o mais essencial que a rotina quotidiana oculta ou ofusca.
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