Poesia na Madrugada

Primeiro livro de Lapinova

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A segurança destas paralelas
_ a beira da varanda e o horizonte,
assim me pacifico, e é por elas
que subo lentamente cada monte.

O tempo arrefecido, e só soprado
por uma brisa tarda que do mar
torna este minuto leve aconchegado,
traz mansas as certezas de se estar.

E vêm novos nomes: são as fadas,
gigantes e anões, que são assim
alegres de o serem _ pardos nadas

que enchendo de silêncios este sim
dele fazem brinquedos, madrugadas...
Agora eu estou em ti e tu em mim.

E é a tua sombra, e é e se desfaz,
se faz raíz e grão
no que te tenho aqui.
O dedo de penumbra que me dás
aumenta a minha mão
e tem-me em ti.

Chocalha agora a tarde nas coleiras
de ovelhas indiferentes:
tudo com elas fica, e as oliveiras,
não vistas, mas presentes.
Abafo-me com isto; ao seu calor
o nosso sangue é um e amadurece.
Boa-noite, meu amor.
Boa-noite, que amanhece.

Pedro Tamen

Pedro Tamen,(ed),20 Anos de Poesia Portuguesa, (Lisboa, Moraes Editores, 19977), pp.91-92.

Ao ler este poema, evoquei períodos de férias passados na serra da Lousã. Quando ao fim da tarde, ouvia os chocalhos das ovelhas, olhando da varanda as oliveiras, pintava a aguarela, pensando no encontro do dia seguinte, primeiro em Viseu, depois em Coimbra

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